Hiperestesia Felina - Saiba mais sobre a sindrome

A síndrome da hiperestesia felina (SHF) é uma doença rara. Sua origem é muitas vezes desconhecida, podendo estar associada a condições neurológicas, comportamentais, dermatológicas e ortopédicas. Alguns autores acreditam que sua etiologia seja comportamental (transtorno obsessivo compulsivo) enquanto outros tratam como episódios de epilepsia (dor neuropática). Outra teoria seria a miopatia degenerativa com resposta inflamatória imunomediada secundária.

A explicação dos autores que definem a causa da doença como um comportamento obsessivo é de que fatores ambientais possam desencadear um episódio através da estimulação do hipotálamo e do sistema límbico. Estes últimos, por sua vez, ativam a atividade motora através dos gânglios basais. Os neurotransmissores envolvidos são: a dopamina (níveis elevados aumentam a frequência do comportamento compulsivo), opióides, serotonina (níveis reduzidos de serotonina diminuem a incidência de comportamento compulsivo e por isso alguns gatos respondem ao tratamento com inibidores seletivos da recaptação da serotonina).

Diagnóstico

O diagnóstico normalmente é realizado por exclusão. Os sintomas mais observados são: episódios de perseguição da cauda, lambedura ou mordedura excessiva em região lombar, anal ou cauda, tremulação da pele, espasmos/fasciculações musculares, vocalização não usual, correr ou pular incontroladamente e midríase. Este comportamento pode ser induzido quando a região lombar é levemente tocada, sendo observado com mais frequência nos períodos da manhã ou no final da tarde.

Para o diagnóstico, é importante realizar um exame físico e neurológico completo além de exames de urina, de sangue (bioquímico completo, especialmente função renal e hepática) e radiografia da coluna vertebral. Em casos raros, a biópsia da musculatura e a eletromiografia podem ser necessários.

No diagnóstico diferencial, devem-se descartar doenças dermatológicas (p.e. dermatite alérgica à picada de pulga, alergia alimentar, atopia e piodermatite), doenças neurológicas (p.e. tumores cerebrais, doenças de coluna vertebral) e doenças musculares (p.e. miosites).

Tratamento

O tratamento normalmente inclui um componente comportamental na tentativa de diminuir o estresse e ansiedade que o gato possa estar vivenciando através da criação de um ambiente estável. As principais medicações usadas na SHF são os anti-inflamatórios (corticosteroides), benzodiazepínicos (lorazepam, oxazepam), analgésicos/antiepilépticos (gabapentina, pregabalina), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, clomipramina) e inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina). Segundo o estudo retrospectivo conduzido por Amengual et.al. (2016), a maioria dos casos observados (10 dos 13 animais) receberam uma combinação de dois ou mais medicamentos.

Sugere-se que o clínico realize tratamento para controle de pulgas antes de iniciar o tratamento farmacológico por via oral. Muitos autores preconizam o uso de corticosteroides (dose anti-inflamatória) em primeira instância. Caso o paciente não responda ao tratamento, outras medicações devem ser iniciadas. O fenobarbital é normalmente o medicamento antiepilético de escolha. Não se deve utilizar o diazepam, pois, há descrição de necrose hepática correlacionada em felinos. O lorazepam e o oxazepam são os mais recomendados, pois não possuem metabólitos ativos. Caso o fenobarbital não seja efetivo, a gabapentina pode ser outra opção.

A manutenção destes medicamentos pode ser realizada por 4 a 6 meses. A dose pode ser diminuída gradualmente (redução de 25% a cada uma ou duas semanas) até o desmame completo.  No entanto, em alguns casos, o uso vitalício do medicamento pode ser inevitável. Caso o paciente esteja recebendo uma combinação de medicamentos, estes devem ser desmamados um de cada vez para determinar com mais facilidade qual tratamento é responsável pela melhor redução dos sintomas.

O prognóstico é reservado e depende da evolução da doença. No entanto, a progressão da doença não é comum e uma vez controlada, o prognóstico se torna favorável.

 

REFERÊNCIAS:

Louis-Philippe de Lorimier, D. V. M. "Feline Hyperesthesia Syndrome." controlled clinical trials 25 (2003): 81-104.

Ciribassi, John. "Understanding Behavior—Feline Hyperesthesia Syndrome." Compend Contin Educ Vet 31.3 (2009): E10.

Amengual, Pablo, et al. "Diagnostic Investigation In 13 Cats With Suspected Feline Hyperesthesia Syndrome." Journal of Veterinary Internal Medicine30.4 (2016): 1438-1439.

Virga, V. Behavioral Dermatology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v33, n2, p231-251, 2003.

Kumar, Bishwanath, et al. "Central poststroke pain: a review of pathophysiology and treatment." Anesthesia & Analgesia 108.5 (2009): 1645-1657.

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